Há algum tempo que comecei a trabalhar no projecto da história do Hattrick e, mesmo tendo estado presente quase desde o início, não posso deixar de me sentir fascinado. Fascinado pelo jogo e pelo tempo que ele existe – quase desde sempre num género como o Hattrick. Mas também estou fascinado comigo mesmo, por muito idiota que possa soar. Isso porque quando começo a pensar nos últimos 10 anos, torna-se claro que passou muita água por baixo das pontes, e que poucas coisas ainda se mantêm na minha vida desde que comecei a jogar Hattrick.
Quando comecei a jogar tinha pouco mais de 20 anos, era solteiro e estava no meu primeiro emprego a tempo inteiro. Desde então tive um relacionamento longo, vários outros parceiros, fiquei solteiro outra vez várias vezes, vários empregos, mudei-me de e para vários apartamentos e casei. Agora tudo isto não é estranho, nem fascinante. É, sim, perfeitamente normal para alguém da minha idade. Não. O fascinante é que entro no Hattrick quase todos os dias nos últimos 10 anos. Tudo na minha vida mudou desde então, mas o Hattrick continua vivo e presente. Enquanto outros interesses desapareceram ao longo do tempo, o Hattrick continua. Muitos podem considerar este facto esquisito, eu prefiro chama-lo fascinante.
O que torna o facto ainda mais interessante é que raramente passo algum tempo com os meus amigos de há 10 anos, quando tinha 20 e poucos anos. Conheci quase todos os meus amigos actuais… sim, no Hattrick. Há uns meses, quando casei foram convidados várias pessoas que conheci no Hattrick, mas só um dos meus amigos de há 10 anos – e ele também joga Hattrick! Acho que se a minha mulher não tivesse amigos, o nosso casamento teria sido uma festa Hattrick.
Creio que isto diz muito sobre mim como pessoa, mas diz mais sobre o Hattrick. Inscrevi-me para mostrar a todos como era um bom treinador, mas depressa descobri que o Hattrick era mais que um jogo. E quando fui ao meu primeiro encontro de Hattrick, no lendário encontro no Soldaten Swejk, um restaurante/bar checo em Estocolmo, descobri que os outros treinadores não eram maluquinhos dos computadores gordos (ou magros), com óculos de lentes grossas e com personalidades chatas a beberem Jolt Cola. Eles eram muito parecidos comigo, normais e com uma ligação muito forte ao Hattrick.
O que é mais fascinante é que a minha história não é única. Sei que muitos de vocês passaram pelo mesmo.
Quanto à questão “O que se vai passar a seguir?” quando, em Outubro de 2000, o “novo” Hattrick foi lançado, foi dito que o Hattrick iria ter milhões de utilizadores, um governo próprio com acento nas Nações Unidas e que o Björn iria receber o Prémio Nobel da paz por eliminar a violência no futebol a nível mundial. Claro que nada disto aconteceu, mas percorremos um longo caminho com tantas coisas boas a acontecer na comunidade, como os utilizadores a organizarem sorteios de Natal para oferecerem o Sócio HT a outros utilizadores que não o podiam ter, ou a recente organização do Torneio de Paz entre equipas Israelitas e Árabes, só para dar alguns exemplos.
Nada disto entrou nos livros de história. Bem, pelo menos até agora. Mas o nosso livro de História Hattrick contém muita nostalgia, época após época. Cavei fundo nos nossos arquivos, e foi assombroso voltar atrás no tempo. Não seria possível passar tudo para um documento de história. Desta vez foquei-me nas actualizações e alterações mais importantes do jogo. Existem várias outras histórias que ficarão por contar, como a “Barba plague”, O “Ataque dos clones” e os Does, bem como alguns encontros da comunidade como referi anteriormente.
O 10º aniversário está para breve, por isso é tempo de fazer um pequeno passeio na
história. Espero que encontrem algumas coisas que não sabiam, mas creio que irão relembrar-se dos velhos tempos. Eu pelo menos lembrei-me.
(Para os registos, descobri outra coisa que se manteve na minha vida nos últimos 10 anos: Continuo a ouvir Smashing Pumpkins. Mas é tudo. Juro!)